quinta-feira, 6 de setembro de 2012

#7 Carta para o teu ex-namorado\amor

(7ª carta do desafio)
 
#7 Carta para o meu ex-pré-amor
   Até hoje, só uma pessoa entrou no meu coração. Tu soubeste disse mal aconteceu. E isso magoou-te. Eu sei. Tantos anos, tantas tentativas, tantas esperanças e, no fim, tudo o que te pude dar foi dor e sofrimento. Eu sei. Arrependo-me disso. Já to disse e tens plena consciência disso.
   Gosto demasiado de ti para te dizer que sim quando não era verdade, para te dizer que sim apenas para o teu bem a curto prazo e não me preocupar com o longo.
   Fizeste-me sentir miserável, um monstro por te fazer sentir daquela maneira e fizeste-me sentir patética, estúpida e ingénua por acreditar em tudo.
   Sabes, um dia pensei começar a sentir algo diferente por ti. Sim, depois da tragédia foste o meu pilar, quem mais me ajudou e sabes disso. A minha cabeça começou a confundir as coisas, a não saber bem qual era o teu lugar na minha vida e não sabia bem o que pensar. Pensei que talvez estivesses a ganhar um lugar diferente no meu coração e que isso pudesse melhorar a nossa relação.
   Nunca tive intenção de me afastar de ti daquela maneira, ainda por cima duas vezes quase sucessivas, mas sabes que não podia alimentar a tua esperança, não podia fazer-te pensar que sim quando não e a minha maturidade não era, claramente, suficiente para resolver a situação de outra forma, menos dolorosa quiçá, se é que há maneira de manter a dor afastada de tudo isto.
   Talvez tivéssemos chegado a algum lado, talvez o que sentia pudesse ter crescido e igualado o teu amor, talvez tudo isso surgisse naturalmente se ele não tivesse aparecido.
   Tu trouxeste estabilidade e apoio mas ele, ele trouxe o sorriso, o dele, e reavivou o meu. Ele trouxe felicidade num momento em que tudo o que eu via era o abismo e não me sentia capaz de nada, quanto mais de aceitar amor. Talvez o tivesses conseguido, com tempo talvez, ou talvez não. Porque com ele foi diferente. Foi quase instantâneo. Foi especial e não tive forma de o evitar, não tive forma de me defender como fiz contigo. Talvez por ter sido tudo tão espontâneo, tão natural.
   O meu maior erro foi mentir-te. Não! O meu maior erro foi mentir, antes de mais, a mim própria ao não admitir o que estava realmente a sentir. Com isso, enganei-te, disse-te que jamais seria capaz de sentir algo mais por ele e que o teu sofrimento (ou melhor, o teu ciúme) era infundado. Talvez isso tenha sido o que te magoou mais. O dizer uma coisa num dia e fazer outra no outro. Eu sei. E sei que nunca mais conseguiremos voltar ao que tinhamos antes, por mais que nos esforcemos.
   Sentes, como eu, que, agora, o nosso relacionamento é supercial, banhado com camadas de boa-educação e polidez, que tentamos com que pareça tudo bem quando não o está, quando ainda há tanta coisa por dizer, tanta coisa por esclarecer e confessar. Talvez por isso esta carta seja tão longa, por ter ainda tanto que nunca fui capaz de te contar.
   Aquele dia fatídico, em que ti chorar pela segunda vez, foi um marco. Tanto positiva como negativamente. Aquele abraço apertado que me deste (como quem não quer largar um sonho demasiadamente alimentado) e as lágrimas que me molharam o ombro dilaceraram-me o coração e acho que nunca me senti tão culpada por alguma coisa. Mas foram as tuas palavras que me feriram. Mostraste que estavas disposto a jogar as últimas cartadas. Fizeste-me sentir uma pessoa horrível ao dizer como tinhas desistido de tudo (e mais propriamente, de todas) em favor do que sentias por mim. Ironia do destino, uns dois ou três meses depois descobri que não podias ter mentido mais. Fizeste-me duvidar dele, tentaste implantar dúvidas que, no fundo, não tinham justificação e que só não deram certo porque ele não era apenas só mais um, como os outros todos que foste afugentando sempre de ao pé de mim ao longo do tempo. Decepcionáste-me tanto que ainda hoje não sei quem fez pior, eu ou tu. Talvez os dois.
    Eu agi mal, horrivelmente até mas tu destruiste toda a confiança que tinha em ti. Quase conseguiste que esquecesse todo o bem que um dia me fizeste, tudo o que me ajudaste. Talvez seja mesmo ingénua ao aceitar-te de volta, ao reaceitar a nossa amizade (ou o que resta dela) e ao tentar voltar a confiar em ti. Sempre soube que tinhas dois lados, sempre tiveste. Só nunca soube qual me mostravas a mim. E não podia deixar que nada crescesse tendo por base a desconfiança.
    Nunca cheguei a perceber se o que sentias era amor ou obcessão, como cheguei a ouvir repetidamente de outras pessoas. Nunca cheguei a perceber se o que sentia era o início de algo ou apenas a carência e o desejo de algo para além da dor a falar.
    Agradeço-te muito! Ajudaste-me quando mais precisei e tenho pena de não ter tido o poder de te colocar um sorriso na cara. O 'nós' não estava destinado a acontecer. O 'eu e ele' teve mais força. Não me crucifiques. Mais importante ainda, não te crucifiques a ti! Sempre mereceste algo melhor, algo mais do que aquilo que eu te poderia oferecer. E não seria justo para nenhum dos dois se insistíssemos em algo que, à partida, já não teria futuro.
    Quem sabe um dia vou ser capaz de te enviar esta carta ou, quem sabe, dizer-te tudo isto pessoalmente, só para que os equívocos se desfaçam de vez, quem sabe para te ver chorar outra vez. É uma imagem que nunca esquecerei e só me mostrou o que eu já sabia: que, por detrás do durão rebelde, há um ser humano, com muito amor para dar a quem mais o merecer.
    E essa pessoa não sou eu. Talvez o melhor tenha sido que me tenha apercebido disso a tempo. Talvez essa tenha sido a tua salvação. Talvez essa tenha sido a nossa salvação.
   


6 comentários:

Sofia disse...

Tens razão quanto a isso de se ser espontânea... Gosto, gosto muito de matemática :)

łnn Gray disse...

Gosto bastante da área da Saúde, acho que farás uma excelente escolha :D
Espero ter dado uma 'boa visão' desta profissão :)
Beijinho, Stay Awesome*

Anónimo disse...

Amor com A grande é Amor de verdade, por isso o escrevo assim.

miii disse...

É que este texto está perfeito! Adoro! Escreves mesmo bem
Beijo,
miii (:

Anónimo disse...

Há pessoas que nos marcam :)
Parabéns pela sinceridade!

MC disse...

ahahah mesmo a sério! Então eu! Coro imenso (;