sexta-feira, 24 de agosto de 2012

#5 Carta para os teus sonhos

(5ª carta do desafio)
 
#5 Carta para os meus sonhos
 
   Como se escreve para algo abstrato, sem contornos definidos, desconhecido? Não que os meus sonhos tenham sido sempre assim, porque não foram!
   Houve uma altura, há muito tempo atrás, em que o meu futuro estava perfeitamente delineado. Eu sabia o que queria, o que fazer, onde fazer e com quem fazer. Tudo planeado. Sem espaço para o improviso. Sem espaço para que a vida interferisse. Eu, sem ajuda de mais ninguém, planeava e pensava comandar, sozinha, o meu próprio destino.
    Quanta inocência e presunção juntas! Hoje sei que, enquanto pensava no futuro e em como ele seria, perdia o presente e o que poderia, verdadeiramente, estar a viver naquele momento. Aprendi que o que ainda está por vir é incerto e não vale a pena pensar demasiado nele. A vida ensinou-me que tudo muda de um momento para o outro!
   E a minha mudou! E muito! Tu sabes. Com o que aconteceu, a minha vida veio, literalmente, abaixo e, com ela, todos os sonhos bem estruturados e imaginados. Nem sequer via a luz ao fundo do túnel, quanto mais pensar em sonhar!
   Aprendi. Cresci. E, com isso, os sonhos mudaram. Tornaram-se numa massa cinzenta compacta e indefinível, sobre a qual ainda não sei grande coisa. A importância que eu atribuía às coisas mudou e, por isso, a importância dos sonhos também.
    Prefiro não ter sonhos. Prefiro chamar-lhes ter metas, objetivos. Nunca mais consegui sonhar outra vez. Mas sonhar com aquela inocência de quem pretende alcançar coisas irrealizáveis, como tocar nas estrelas ou conhecer o Pai Natal, faz-me falta, faz-me muita falta. Sinto que perdi um pouco da criança que tinha dentro de mim e sinto que estou, a todo o custo, a tentar recuperá-la de volta.
    Por isso, sonhos meus, que bem sabeis que 'o sonho comanda a vida', já o dizia o poeta, voltai a mim e deixai-me voltar a vaguear pelo universo do desconhecido e do inalcançável. Voltai a ser concretos, palpáveis, para que eu tenha outra vez metas, objetivos que cumprir. Para que eu tenha algo pelo que lutar!
    Nem que seja só pelo desejo de voltar a ser feliz!




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